UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE INHUMAS
CURSO DE PEDAGOGIA
GISELLY BRASIL XAVIER
JUVILIANA MOREIRA
PAULA
NATALIA DE VASCONCELOS
SARAIVA
VANESSA NUNES CAMARGO
RELATÓRIO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CRECHE
Inhumas
2013
GISELLY BRASIL XAVIER
JUVILIANA MOREIRA
PAULA
NATALIA DE VASCONCELOS
SARAIVA
VANESSA NUNES CAMARGO
RELATÓRIO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
CRECHE
Relatório
acadêmico elaborado para atender às atividades do 3º Ano de Pedagogia – da
Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Inhumas – referente ao
“Estágio Supervisionado em Docência na Educação Infantil I” sob orientação da
Prof.(a) Lindalva
Pessoni Santos.
Inhumas
2013
Introdução
A Educação Infantil atende crianças de zero
a seis anos de idade. Busca-se através deste relatório, refletir sobre as
práticas pedagógicas vivenciadas no campo de estágio creche. É importante
ressaltar que a teoria e a prática são inseparáveis no processo de formação de
educadores, pois a teoria auxilia no desenvolvimento da prática. Elas se dão
por meios de observações, reelaborações e imitações por parte tanto dos
profissionais como das crianças, nas quais se analisam criticamente os
contextos socioculturais vivenciados. Segundo, Pimenta e Gonçalves (apud
PIMENTA e LIMA; 2005/2006, p. 13), "a finalidade do estágio é propiciar ao
aluno uma aproximação á realidade na qual atuará". Pois através do estágio
tendo como base teórica é possível perceber que o cuidar e o educar são
indissociáveis para o desenvolvimento da criança e para a atuação do educador.
Relatório: Creche
A realização do Estágio
Supervisionado em Docência na Educação Infantil, orientado pela professora Lindalva
Pessoni Santos, foi vivenciada na Creche Municipal Maria Caetano da Silva
Ferreira, situada à Rua 19 de Julho, Qd. 32, Lt. 06 e 07 Parque Santa Marta, na
cidade de Inhumas/GO. A creche conta com vinte e oito funcionários, sendo: uma
diretora, uma coordenadora, uma secretária geral, duas estagiárias, uma
auxiliar de coordenação e onze professoras (uma professora efetiva e dez ASD)
sendo que as professoras possui curso superior em Pedagogia ou estão em
processo de formação. A instituição tem
atualmente noventa e oito crianças matriculadas, atente crianças de zero a
cinco anos. O critério de inserção leva em consideração a idade e
preferencialmente a criança que os pais trabalham ou crianças que estão com
algum risco de vida. A instituição atende crianças de vários bairros, tanto
próximos quanto distantes. A estrutura física da creche é formada por três
ambientes, uma sala de vídeo, um refeitório, uma cozinha, uma lavanderia, dois
banheiros e um pátio com o parque, esses espaços são limitados e insuficientes
para atender ao número de crianças acolhidas na instituição. O processo de
planejamento executado pela creche baseia-se: em anual seguido por uma mesma
linha vindo da Secretaria de Educação e semanal que é escalado uma educadora a cada
semana para realização do mesmo. Os planejamentos são vistados semanalmente
pela coordenação. São trabalhados dois projetos “brinquedos na escola” e
“biblioteca na escola”, realizados em dois dias na semana, um para cada
projeto, todas as datas comemorativas são comemoradas. É realizado a elaboração
anual do Projeto Político Pedagógico da creche, com participação ativa de pais
e funcionários, através de reuniões no
qual os mesmos possuem o direito de questionar, criticar e aprovar, ou não os
assuntos expostos.
Vivência Berçário
No dia vinte e sete
de março de dois mil e treze, foi observado o berçário da Creche Maria Caetano
da Silva Ferreira. O berçário é composto por dezoito bebês entre quatro meses a
dois anos e possui três professoras.
O berçário é
decorado com cartazes em que se encontravam figuras geométricas, vogais,
numerais de 1 a 9, cartazes com imagens de instrumentos musicais e atividades realizadas
pelos próprios bebês, no qual estavam os trabalhos do aniversário da cidade de
Inhumas, um cartaz com uma inhuma, feita com tinta guache utilizando as pontas
dos dedos das crianças. O planejamento é semanal e a cada semana uma professora
fica responsável por fazê-lo. Segundo o planejamento do dia verificado por nós,
estavam descritas todas as disciplinas do eixo temático, porém a rotina sempre
é a mesma, e Zanini (2008, p. 83) fala que o educador deve sempre projetar e
inovar suas praticas estar “sempre presente e atento; que crie uma rotina viva,
pulsando seus desejos e os desejos das crianças; que mantenha constância e
comprometimento” dessa forma a construção do conhecimento se torna algo
gratificante e prazeroso.
No primeiro momento
as crianças chegaram ás 06h30min da manhã, onde as educadoras trocam as roupas
dos bebês e colocaram em uma caixa, no momento da troca a educadora conversava
muito com os bebês, incentivando-os a adquirir independência como tirar a meia
sozinho, ficaram dentro dos berços, desde esse momento até depois de
aproximadamente uma hora, recebendo a atenção apenas das estagiárias e em
alguns momentos das professoras, foram então distribuídas as mamadeiras, quase
todos mamam sozinhos, apenas uma criança, por ser o bebê mais novo não
consegue, a professora alertou que não deveria deixar que ele tomasse sozinho,
pois segundo ela, “ele faria muita bagunça”. Desde quando chegamos até esse
momento notamos que eram tocadas apenas músicas de caráter religioso.
Ao longo da manhã
vimos que as práticas do educar e cuidar estavam em patamares diferentes, a
preocupação no cuidar físico, da alimentação e do banho estavam acima do cuidar
e da transmissão de afeto, nesses momentos tão especiais. Essas demonstrações
de afeto e comunicação são extremamente importantes: “as crianças dessa faixa
etária, como sabemos, tem necessidades de atenção, carinho, segurança, sem as
quais elas dificilmente poderiam sobreviver” (CRAIDY; KAERCHER, 2001, P. 16
apud. NONO).
Após os bebês se
alimentarem começaram os banhos que são escalados uma professora a cada dia. No
banho a professora conversava continuamente com as crianças, mostrando as
partes do corpo e as tratavam bem. O momento do banho deve ser sempre algo
prazeroso tanto para as crianças como para a educadora. Depois de banhadas, as
crianças eram colocadas no colchonete, para poderem andar, brincar e dançar e
se socializarem nesse momento foi colocado o DVD da Xuxa, notamos que algumas
crianças “cantavam” e dançavam, demonstrando ter costume com aquela rotina.
Nono afirma essa
necessidade da criança se movimentar e interagir-se com outras:
É fundamental que as práticas de cuidado
estejam interligas as práticas em que se educa, em que se proporciona a
conquista da linguagem, a exploração do próprio corpo e dos movimentos, o
desenvolvimento da autonomia, a percepção do mundo e a atuação sobre ele.
Algumas crianças estavam brincando e outras
assistindo o DVD, nesse momento uma das crianças que estavam brincando de bola
quando a bola caiu perto de outra criança que estava apenas assistindo o DVD, a
mesma interessou-se pela bola, quando a primeira criança tomou a bola
rapidamente e foi advertida pela professora, então, o menino foi ate o cesto de
brinquedos e pegou outro carrinho e deu a colega. Rosa e Lopes (2008, p. 63)
afirmam que através do brincar e das relações interindividuais é estabelecido o
respeito, pois: “brincando, a criança aprende a ser humana, solidária, aprende
a viver, a sonhar, a imaginar, a ter autonomia e a construir o conhecimento
sobre o mundo a sua volta”.
Outro fato
importante que observamos foi que um dos bebês, desde quando chegamos ao
agrupamento apontava “algo” num determinado lugar e “resmungava”. Comentamos
com a professora que ele queria algo, ela respondeu que o menino era daquele
jeito mesmo. Passado algum tempo, ele voltou a apontar com o dedinho a aquele lugar,
deduzimos que ele queria água, pois o filtro estava próximo, colocamos num copo
e ele tomou, outras crianças também começaram a “querer” água. Mais tarde ele
chorou apontando no mesmo lugar foi então que a professora pegou o bico que
estava ao lado do filtro e deu ao menino. É necessário, que o educador esteja
sempre atendo, e que se preocupe com as expressões da criança, Rosa e Lopes
(2008, p. 57), fala que o educador deve caminhar “junto com as crianças,
observando/registrando, discutindo e refletindo sobre suas ações e sobre seus
modos de expressão” para assim atender as necessidades mostradas pela criança e
intervir.
Foi realizada uma
atividade com os bebês pelas professoras em comemoração a páscoa, as
professoras levaram um cartaz com o coelho desenhado e passavam cola para que
as crianças colassem no desenho o algodão, muitas gostaram e um dos bebês não
gostou de ter pegado no algodão, sentiu estranhamento, preferiu passar cola
participando assim desse momento. Notamos que se há uma grande preocupação em
relação a produção material e concreta das atividades e exposição das mesmas no
berçário.
Portanto, o
ambiente onde estão inseridos os bebês, deve ser aconchegante, as interações
entre adulto-criança e criança-criança devem acontecer e garantir o bem estar
físico e psicossocial, pois são essenciais no processo de construção do
sujeito, do conhecimento e do desenvolvimento das potencialidades da criança. O
Educador deve sempre cuidar e educar com prazer, inovando e recriando novas
praticas e novas metodologias tornando seu trabalho mais gratificando tanto ao
mesmo como a criança.
Vivência Jardim I e
II
No dia vinte de março
de dois mil e treze, foi observada duas turmas da educação infantil, sendo uma
de jardim I e II da creche Maria Caetano, onde neste dia foi trabalhado todos
os eixos da educação infantil.
De inicio houve a
acolhida, onde as crianças cantaram e gesticularam músicas do seu dia-a-dia,
onde logo após teve o café da manhã, as crianças gostam muito deste momento
pois mesmo que escondido das professoras, elas podem conversar e contar uns
para os outros o que de interessante acontece na sua vida, neste dia mesmo uma
menina estava relatando para um de seus colegas o que tinha acontecido na casa
de sua avó, disse o que havia comido, e isso gerou uma série de comentários
parecidos, como “na casa da minha avó também tem isso”, “ minha avó morreu”,
etc. Em seguida a professora querendo explorar a preservação do meio ambiente,
passou o filme “Os sem florestas”.
Em comemoração ao dia
do aniversario da cidade, que foi dia dezenove, a professora passou uma
atividade utilizando tinta guache e a técnica do soquinho. Neste momento uma
criança foi até uma estagiária e relatou o quanto estava gostando da
experiência de “brincar” com o material. E as crianças com isto aprenderam
mais, pois foi usada uma técnica prazerosa e dinâmica para tal.
Foi feito com as
crianças um painel e no fim desta, as crianças estavam sujas de tinta, mas
estavam felizes, e a professora conseguiu atingir os objetivos esperados:
O
papel do professor centraliza-se na provocação de oportunidades de descobertas,
através de uma espécie de facilitação e inspirada e de estimulação do diálogo.
(EDWARDS 1999, p. 161 apud OSTETTO 2008, p. 57).
Depois da “atividade”,
houve socialização com as crianças que dançaram a dança das cadeiras, uma
menina que estava brincando não aceitava sair da brincadeira, e quando ficava
de fora, ela removia um colega da cadeira e se sentava, e quando realmente saiu
ela ficou brava e começou a chorar, ela então foi colocada numa cadeira e ficou
lá até se conformar. Em seguida foram encaminhadas ao banho.
O
ambiente e a rotina podem ser organizados de maneira a oportunizar as crianças
o desenvolvimento autônomo de uma série de habilidades como despir, lavar,
enxugar, vestir e calçar a si próprias e as outras. (ROSSSETTI-FERREIRA 2003,
p. 11 apud NONO).
Sobre isso e
interligando com o que foi observado, pôde-se notar que a professora interagiu
bem com os alunos na hora do banho, e eles adoram esse momento, pois é também
neste momento que uns conhecem os outros e podem brincar.
No dia três de abril de dois mil e
treze, realizou-se mais uma observação, por nós estagiárias, com os
agrupamentos Jardim I e Jardim II, na creche Maria Caetano. Nas quartas-feiras,
os dois agrupamentos se reuniam para que pudéssemos observar todas as crianças.
No primeiro momento todos se reuniram no refeitório para o café da manhã,
cantaram algumas músicas e fizeram a oração. Neste espaço de tempo podemos
observar as crianças: Todas estavam dispostas nas mesas com cadeiras, em
grupos. Uma das crianças nos falou que o coleguinha tinha batido nela, mas não
era verdade, ela é que estava o incomodando com os pés, por debaixo da mesa.
Para as crianças, essa
convivência entre pares é de suma importância, segundo Charlot (2000, p. 70
apud FILHO [et al.] 2006 p. 49 ) “aprender pode ser também aprender a ser
solidário, desconfiado, responsável, paciente...; a mentir, a brigar, a ajudar
os outros....; em suma, a ‘entender as pessoas’, ‘conhecer a vida’, saber quem
se é.”
É nessas situações
diárias que a criança irá aprender a lidar com a vida e a discernir o que é
certo e o que errado. As crianças entre si podem ter uma conversa de igual para
igual, podendo trocar suas ideias. Esse relacionamento umas com as outras é de
suma importância para o desenvolvimento das mesmas:
Nesse momento do café,
algumas crianças comentam entre si, suas histórias de vida. A criança citada
anteriormente, diz que sua mãe vai comprar um ovo de páscoa para ela, a outra
diz que já tinha ganhado.
No planejamento das
educadoras, uma das atividades do dia estava à ida ao parque: antes de ir ao
parquinho, uma das educadoras, passa para as crianças as regras e as palavras
mágicas, um dos relatos da mesma para nós estagiárias é que, é preciso também
mostrar as crianças quais são as atitudes corretas e quais não são, conversar
olhando nos olhos da criança e se preciso colocar para refletir no que fez. Madalena
Freire (1997, p. 23) diz que “um grupo se constrói, construindo o vínculo com a
autoridade e entre iguais”.
O interessante é que
não percebemos ela se alterar e agir com agressividade, sempre ao chamar a
atenção de alguma criança o fazia de forma calma e firme, levando a criança em
consideração e não a constrangendo em momento algum, isso é muito importante,
pois ao nosso ver a agressividade e a alteração dos ânimos levam atitudes
igualitárias.
Duas crianças se
comportaram mal no parque, desrespeitando seus colegas. A educadora retirou-os
da brincadeira, explicando que não deveria agir desta forma, e os colocou para
refletirem sobre o que tinham feito.
Segundo Freire (Pedagogia da Autonomia,1996, p.
60):
É neste sentindo
que o professor autoritário, que por isso mesmo afoga a liberdade do educando, amesquinhando
o seu direito de estar sendo curioso e inquieto, tanto quanto o professor
licencioso rompe com a radicalidade do ser humano a, de sua inconclusão assumida
a que se enraíza a eticidade.
Observamos que cada
criança escolheu o brinquedo que mais gostava, algumas foram para o balanço e
se interagiram muito, apenas um menino não quis, ficou brincando sozinho. Ao
ver que o mesmo estava só, duas crianças se aproximaram para brincar.
Percebemos nessas crianças sentimentos como companheirismo.
Filho [et al.] (2006, p. 47) diz que:
Educar uma
criança significa promover um crescimento integral do individuo e também
desenvolver a solidariedade, a capacidade de enxergar o outro e a tolerância
para com outros modos de ser, de modo a ter respeito e responsabilidade com os
demais.
Ainda no parquinho teve
o momento do lanche, nesse dia era fruta, após descascar as laranjas, a
educadora pediu algumas crianças para ajudá-la a jogar as cascas no lixo,
auxiliando assim com o desenvolvimento da autonomia das mesmas.
Em seguida fomos para a
sala de vídeo, enquanto umas assistiam ao filme, outras foram para o banheiro.
Percebemos que a educadora que dava o banho sempre conversava com as crianças,
intermediando o processo, ensinando-as a se lavarem, enquanto a outra penteava
os cabelos das meninas, ela era muito dedicada e fazia penteados, mas algumas
crianças também queriam participar, penteando seus próprios cabelos, a mesma
não deixou, privando- as do aprendizado.
É muito importante
incentivar a autonomia.
Autonomia
envolve formar pessoas que saibam trilhar os seus próprios caminhos, traçar a
sua historia, tomar decisões, construir a autoria e a liberdade. Contrapõe-se à
heteronomia, que traz consigo as amarras da dependência e da subordinação ás
regras de outrem. Educar para autonomia implica possibilitar á criança a
construção das suas regras de conduta, visando a responsabilidade individual e
coletiva que a convivência entre
humanos. “E com ela, a autonomia, penosamente construindo-se, que a liberdade
vai preenchendo o espaço antes habitado por sua dependência”.(FREIRE, 1996 p. 105,
grifos do ator, apud FILHO [et al.] 2006 p. 44 )
O educador deve agir
como :
(...) mediador
entre o conhecido e o desconhecido. Não mais um centralizador, mas aquele que,
coordenando situações e atividades, ouve as múltiplas linguagens que expressam
pensamentos, sentimentos, conhecimentos. Alguém que brinca junto, sugere
brincadeiras, dá significados às ações e experimentações das crianças. ( S. THIAGO 2000, p. 60 apud ROSA e LOPES, 2008,
p. 68)
Outras observações que fizemos neste dia:
Um dos meninos do
agrupamento foi atropelado, estava com faixas e curativos. Esse momento foi
critico na hora do banho, o que pediu muita dedicação e cuidado por parte das
educadoras. É papel do educador estar presente em todos os momentos, junto com
a criança para ajuda-la no que for preciso. Educar é também amar, ajudar,
apoiar, aconselhar a criança.
Uma das crianças, na
hora do filme beliscou uma coleguinha que chorou. Ao ser chamada para o banho esbarrou
na outra colega que também chorou. Nós conversamos com ela, falamos que tem que
ter respeito com os colegas e não pode maltratá-los, a educadora ao voltar do
banho percebe e reforça o que falamos, mas pela a história ter se repetido, a
manda para coordenação, ela volta mais calma. Esse tipo de situação também se
constitui como forma de aprendizado. Para Freire:
É no encontro do
grupo que nos defrontamos com as diferenças. É no grupo que aprendemos esse
difícil processo de conviver com as divergências, os conflitos, as diferenças.
Isso tudo envolve e significa processo de construção de conhecimento, significa
processo de apropriação do saber de cada um para deflagrar o que ainda não se
conhece. (FREIRE 1993, p. 162 apud ZANINE e LEITE 2008, p.83, 84)
É através da
coletividade e vivenciando as experiências, que se aprende a lidar com
situações do dia-dia e a viver em sociedade.
Duas crianças, um
menino e uma menina trocavam carinhos, o tempo todo ele beijava a mão dela e
pedia para pentear os cabelos da colega. Houve outro momento, em que uma
criança beijou no rosto da outra, ficaram muito tempo abraçados, são
sentimentos que eles expressam. Outra observação que fizemos foi que uma
menina, que é chamada por fadinha, se encanta com as pessoas “diferentes” que
estão no agrupamento, fixando seu olhar em nós, parece que o novo, o
desconhecido lhe desperta muita curiosidade e vontade de interagir.
Segundo Dias (1999, p.
177 apud ROSA e LOPES 2008, p. 65) :
(...) contribuir
para a formação da sensibilidade significa incentivar e criar oportunidades
para que elas se expressem com vivacidade e possam desenvolver, ampliar e
enriquecer suas experiências sensíveis, aumentando as redes de entendimento e
de significação do mundo.
Essas interações
criança-criança e criança-adulto contribuem para o desenvolvimento social, psicológico
e cognitivo das mesmas. Esses momentos são muito valorizados e enaltecidos pelos
educadores em Reggio Emilia1. Para eles,
“o
intercâmbio social é visto como essencial para aprendizagem”. Através da
atividade compartilhada, da comunicação, da cooperação e até mesmo do conflito,
as crianças constrói em conjunto seu conhecimento sobre o mundo, usando as
ideias de uma para o desenvolvimento das ideias de outra, ou para explorarem
uma trilha ainda não explorada. (GANDINI 1999, p.151 apud ZANINI
e LEITE 2008 p.87).
No dia dez de abril de
dois mil e treze, foi o último dia de observação na creche Maria Caetano. Neste
dia choveu, e o pátio estava molhado, então os agrupamentos Jardim I e II e o Maternal
I foram para sala de vídeo. Neste dia a única atividade realizada, no momento
em que permanecemos na creche foi à exibição do mesmo filme da semana anterior.
A maioria das crianças estavam concentradas no filme, mas fizemos uma observação:
Uma das crianças olhava alguns cartazes com os numerais, onde estava desenhadas
figuras de acordo com a quantidade indicada, ele estava fazendo oralmente a
contagem e a leitura das imagens.
Tristão (2006 p.39)
afirma que: “Diversas das ações realizadas pelas professoras no dia-a-dia da
instituição acabam sendo automatizadas e, não sendo vistas como importantes, passam
despercebidas, de forma a não vir à tona a riqueza da vida diária”. Esse tipo
de prática se torna rotineiras e impedem que as crianças se desenvolvam de
forma autônoma e que desenvolvam habilidades por meio da exploração das
diversas experiências de forma rica e diversificada.
Conclusão
O papel do educador na
educação infantil é de extrema importância, sabendo que ele é um dos principais
agentes da construção da identidade, da autonomia, do conhecimento daquela
criança.
Ao conceber a criança
como ser ativo que possui conhecimentos prévios, é papel do educador
considera-los, tomá-los como ponto de partida, sistematiza-los e ampliá-los.
Para isso é fundamental
que o educador permite e crie oportunidades de contato da criança com objetos
físicos, da sua manipulação e exploração, que proporcione espaço, de fala, de
troca e interação entre crianças da mesma e de diferentes faixas de idade e
também com adultos.
Referências
RECH, Ilona Patrícia Freire. A Hora da atividade. In:
MARTINS FILHO, Altino José. Infância
Plural: crianças do nosso tempo. Porto Alegre, RS: Mediação. 2006, p. 59 –
84.
NONO, Maévi
Anabel. Educar e cuidar nas Creches e
Pré-escolas. s/d.
FREIRE,Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários
à prática educativa/Paulo Freire-São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção
Leitura).
LEITE, ZANINI, Juliana Quint dos Santos e LEITE, Raquel Winiz.
Sobre afetividade e construção de vínculos na educação infantil. In: OSTETTO,
Luciana Esmeralda (org.). Educação
Infantil: saberes e fazeres na formação de professores. Campinas, SP:
Papirus, 2008, p. 69 – 93.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria do Socorro Lucena. O estagio como campo de conhecimento.
In: PIMENTA, Selma Garrido E LIMA, Maria do Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez,
2004, p.27 – 57.
ROSA, Cristina Dias e LOPES, Elisandra Silva. Aventura de viver, conviver e aprender com
as crianças.In: OSTETTO, Luciana Esmeralda (org.) Educação Infantil:
saberes e fazeres da formação de professores. Campinas, SP: Papirus,2008, p.
49-68.
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Planejamento na educação
infantil: mais que a atividade, a criança em foco. In: OSTETTO, Luciana
Esmeralda. Encontros e encantamentos na
educação infantil: partilhando as experiências de estágio. Campinas – SP:
Papirus, 2000, p. 174 – 198.
OSTETTO,
Luciana Esmeralda. Encontro e
encantamento na educação infantil: partilhando experiências de estagio.
Campinas: Papirus, 2002
SCHULTZ, Lenita Maria J. Professoras de Bebês. In: Educativo. Goiânia: Dep. De Educação da
UCG, 1997. P. 335-348
Nossa!! Relatório fantástico.
ResponderExcluirParabéns.
Maravilha este relatório!!!
ResponderExcluirParabens
Ótimo relatório, super completo e com bastante facilidade para entendimento.
ResponderExcluirParabéns!
Ótimo relatório, super completo e com bastante facilidade para entendimento.
ResponderExcluirParabéns!
Parabéns. Excelente. Deu-me uma aula de como fazer um relatório.
ResponderExcluirParabéns ótimo relatório me ajudou entender deccomo montar um relatório obrigada
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